​A sede da Eletrobras, no Rio de Janeiro, foi palco do 1º Workshop de Biodiversidade & Negócios, promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em 15 de maio. O evento reuniu representantes de empresas e instituições associadas à entidade, para discutir caminhos concretos rumo à integração da biodiversidade nas estratégias corporativas.

“Estamos avançando no entendimento de que biodiversidade não é apenas um desafio, mas uma oportunidade estratégica para os negócios. Assim como aconteceu com a agenda climática, que ganhou força nos últimos anos, agora vemos a biodiversidade ganhando espaço nas decisões corporativas. Integrar a biodiversidade à estratégia empresarial é essencial para o futuro dos investimentos", explicou Moara Morasche, gerente de Estratégia Climática e Biodiversidade da Eletrobras, na abertura do evento. 

Já Vanessa Pereira, coordenadora de Biodiversidade do CEBDS, reforçou o papel fundamental das empresas no cumprimento da Meta 15 do acordo histórico para orientar a ação global sobre a natureza até 2030: o Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal (GBF), firmado durante a 15ª Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Diversidade Biológica, em 2022. Essa meta prevê que empresas e instituições financeiras monitorem, avaliem e divulguem de forma transparente seus impactos sobre a biodiversidade, promovendo práticas mais sustentáveis e reduzindo danos ambientais. 

Pela manhã, o workshop teve foco nas boas práticas empresariais rumo à natureza positiva - uma abordagem que busca a recuperação e o aumento da natureza, em vez de apenas a sua preservação - e contou com a apresentação de cases de empresas como Eletrobras, Petrobras, Philip Morris e Vale. 

Durante o primeiro painel, Moara apresentou o projeto IBI – UHE Furnas, que mede a integridade biótica e a qualidade dos ecossistemas aquáticos, especialmente rios e riachos. A iniciativa, adotada pela Eletrobras em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais, avalia de forma transdisciplinar a integridade ecológica da bacia da Usina Hidrelétrica de Furnas ​e visa proteger a biodiversidade, engajar as comunidades locais e promover a sustentabilidade hídrica e energética local.  

“Para promover uma agenda positiva de biodiversidade, é essencial conhecer as características do território e envolver os atores locais. Em Minas Gerais, realizamos uma avaliação transdisciplinar em 35 municípios, coletando dados demográficos, oficiais e promovendo iniciativas de ciência cidadã. A interação com escolas e comunidades ribeirinhas fortaleceu o protagonismo local e ampliou o impacto das ações, inclusive na ampliação do conhecimento desses atores sobre a qualidade da água e do ambiente", explicou Moara, que reforçou a possibilidade de a metodologia ser replicada em diferentes ativos e negócios que tenham interação direta com a natureza.

À tarde, os debates se voltaram à implementação de estratégias de biodiversidade nas empresas, exemplos práticos de como concretizá-las, metodologias participativas para engajamento empresarial, além de uma sessão de perguntas e respostas.

Biodiversidade na prática

Durante o evento,  o CEBDS lançou o e-book “Biodiversidade & Negócios - Boas práticas empresariais brasileiras rumo à natureza positiva", disponível para download aqui.

“Engajar a alta gestão ainda é um dos grandes desafios quando falamos de biodiversidade nas empresas. Por isso, o e-book lançado no workshop é tão relevante: além de trazer conteúdo técnico de qualidade, ele é uma ferramenta prática para sensibilizar lideranças e integrar o tema à estratégia corporativa. Convido todos a explorarem o material com esse olhar", destacou Anderson Ignácio, Gerente de Natureza e Sociedade do CEBDS.